quinta-feira, 31 de julho de 2008

Flavors of Entanglement


Flavors of Entaglement foi lançado no dia 1º de junho na Alemanha e no Japão, e em outras datas no resto do mundo. Esse é mais um álbum de Alanis Morissette, que dessa vez, dividiu a opinião de críticos (quase sempre eles, os fãs em sua grande maioria aprovaram o trabalho).


Alguns consideraram o trabalho fraco, outros mais maduro, outros fútil.


Na minha opinião, esse talvez tenha sido o trabalho que mais gostei até agora, mas isso não quer dizer que seja o melhor. Sem dúvida a sua obra-prima foi o Supposed, lançado há exatos 10 anos. E também outro que gerou uma certa polêmica.


Óbvio que por circunstâncias diferentes. Mas, coincidência ou não, a própria cantora afirmou que os dois álbuns se assemelham, em mensagem, conteúdo e sonoridade.


Mas enfim, às análises do cd logo: ele é beem diferente do que a Alanis já fez. Citizen of the Planet abre o álbum em grande estilo; pela sua gravidade e arranjos indianos, ela se assemelha a So-Called Chaos, que segue o mesmo estilo. Underneath lembra o So-Called no geral, principalmente em faixas como Out is Through ou Doth I Protest Too Much. Straitjacket é uma das mais comentadas do álbum, já que teoricamente, segue a mesma linha de raiva que fez Alanis ser lançada ao estrelato com You Oughta Know. Versions of Violence, para mim, é uma das melhores do cd, violenta e crítica. A partir daí, o álbum começa a ficar mais calmo, começando com Not as We, que foi a primeira música publicada (tocada na série House). Apenas com piano, Alanis está em perfeita sintonia numa canção triste, mas não melosa, bonita, mas não depressiva ao extremo. In Praise of the Vulnerable Man é a balada do cd, cuja letra lembra Everything. Moratorium é a música que mais lembra a Alanis dos velhos tempos, com letras a respeito de aprendizado e relacionamentos. Torch talvez seja a mais intimista, já que claramente expõe os sentimentos da cantora quanto ao divórcio de Ryan Reynolds, que abalou-a de várias formas, inclusive artisticamente. Giggling Again for No Reason é a mais otimista, num ritmo calmo e nostálgico. Tapes é triste, bem triste. E linda. Incomplete é bem diferente do que Alanis sempre fez.


É importante ressaltar que o cd Deluxe Edition, que conta com 5 faixas bônus, é essencial para uma experiência completa do álbum, que literalmente parece incompleto sem elas (como ironicamente, a última música do cd simples sugere).

Orchid, a primeira música bônus, é bonita e uma das mais inspiradas. The Guy Who Leaves é menos intimista, mas igualmente boa. Mas a melhor música do álbum, na minha opinião, fica a cargo de Madness, a mais triste, mas a mais Alanis de todas. Limbo no More conta com versos peculiares, e o desfecho é com chave de ouro com On the Tequila, uma música engraçada (a primeira dela, de toda a carreira) e cuja rapidez lembra Narcissus.


Logo, analizando todo o conteúdo, percebemos que o álbum começa rápido, violento e pesado nas primeiras 4 faixas, mas dá lugar a músicas calmas e tristes até a 16ª música. Talvez isso tenha causado estranheza; do pop de So-Called, Alanis partiu para letras que retratam ainda mais suas experiências pessoais e idealizadas. O que pode ser confundida com egoísmo - afinal, cantar sobre si mesmo pode soar extremamente pretensioso - é exatamente o contrário, é uma partilha, um ato altruísta, dignamente artístico.







O interessante é notar a evolução; em Under Rug Swept, ela canta sobre as características que queria em um parceiro. No álbum seguinte, ela dedica a música a já seu atual marido, fala sobre o que é e pode acabar sendo para ele. E no próximo, canta as dores e lições aprendidas de um divórcio.


Alanis diz que nunca esteve tão feliz quanto agora, e pelo que acompanhamos, parece verdade. Com alguns quilinhos a mais, ela diz estar namorando, contente consigo mesma, e como sempre, engajada em causas ambientais. Este último é reflexo em suas músicas em clipes, como em Underneath, onde o carro que ela dirige é ecologicamente correto.



É uma pena que muitos fãs não tenham aceitado que a adolescente estressada que cantava suas revoltas em uma longínqua década de 90 tenha virado uma mulher adulta, compromissada, séria e calma. Com o Supposed, Alanis perdeu milhões de fãs, que estranharam um álbum eclético e íntimo. E é assim que Flavors of Entanglement assemelha-se a ele; eclético, diferente, pessoal. Como sempre, uma leva de ouvintes chora o fato de ela nunca mais ter sido como fora em Jagged Little Pill, mas as pessoas mudam.


A seguir, alguns trechos interessantes numa entrevista para o New York Times.


"Assim, 'Flavors of Entanglement' meio que fala dos desafios e do júbilo de ser um ser humano e de tudo o que há entre ambos os estados. É, em um nível, uma espécie de crônica de como as coisas desandam e de atingir finalmente o fundo do poço, e do tipo de doses de esperança e renascimento de fênix que sempre estão presentes em tudo o que crio."


"Eu trabalhei com pessoas no Canadá que realmente tentaram me convencer a não compor canções que não rimassem ou canções que fossem pessoais demais. Era um pouco assustador para elas. Felizmente, eu perseverei até encontrar um ambiente que me desse mais apoio, como artista, a correr estes riscos."


"Há uma canção chamada 'Straitjacket' (camisa-de-força) na qual eu meio que saio para o ataque", ela diz rindo, "mas vejo as canções que expressam a raiva do tipo 'You Oughta Know'/'Straitjacket' como um rito de passagem na jornada para a cura. Não é um lugar onde eu queira permanecer, é mais uma experiência passageira na minha jornada para a liberdade. Não é um local onde eu queira ficar, no desabafo, na raiva. Eu considero tóxico permanecer ali. Mas passar por ele, eu acho, é obrigatório."


Para quem quiser mais detalhes, táqui o link:



Escutem e notem como a espera valeu à pena.


sábado, 26 de julho de 2008

Viva la Vida!







Para essa primeira postagem, gostaria de falar sobre um álbum lançado recentemente, chamado Viva la Vida or Death And All His Friends, da banda Coldplay.

Parece-nos que a globalização atingiu até o mundo artístico, digamos como uma brincadeira.

Observa-se já pela capa, que realmente chama atenção; o famoso quadro da Revolução Francesa ("A Liberdade Guiando o Povo, de Delacroix), com um título que mescla a língua hispânica com a inglesa.
Os títulos das faixas fazem referência à Inglaterra e ao Japão, e nota-se, na música Yes, arranjos orientais, rementendo à Índia.

O grupo, que diga-se de passagem, é o mais famoso do mundo, notabilizou-se no cenário musical ao fazer músicas melódicas, depressivas (como o nome do grupo mesmo sugere), leves e ao inconfundível piano de Chris Martin. É um som fácil de gostar, mas ao mesmo tempo não tão tola, e afinal, todo mundo gosta de Coldplay.

Dessa vez, porém, a banda parece flertar com um som mais sofisticado e elaborado. O álbum, que dividiu legal a crítica especializada, conta com arranjos clássicos, com direito a violinos e orquestra. Além disso, parece que a idéia é transmitir uma visão do mundo, unindo as culturas, falando sobre a evolução e a revolução, mencionando reis depostos e cruzadas difíceis.
A idéia de misturar coisas tão diferentes deu certo, muito certo. Não ficou vulgar, pretensioso ou algo do tipo, sincero, aliás.

E as músicas não são melancólicas, exceto talvez a primeira e a terceira (Life in Technicolor e Lovers in Japan, respectivamente), o que revela uma nova tendência para a banda.

À primeira audição, o álbum parece fútil. Aliás, raros são aqueles que geram uma opinião definitiva na primeira vez que escutamos, não é mesmo?



Por isso, recomendo.






Altamente cotado ;)