domingo, 16 de novembro de 2008

Atores que cantam

Esse post é uma homenagem - humilde, claro - a todos os atores que ao menos uma vez na vida, ousaram soltar a voz e mostrar serem capazes de também cantar.
Atores que cantam ou cantores que atuam?
De uns tempos pra cá, isso não tem feito muito diferença. O modelo de perfeição é esse: atuar bem, cantar e também ser modelo - e bonito, obviamente.

Meryl Streep, Antonio Banderas, Madonna, Milla Jovovich, Emile Hirsch, Lindsay Lohan, Hilary Duff, Viggo Mortensen, James Marsden, Kevin Spacey, Kirsten Dunst, Susan Sarandon, Russell Crowe, Kate Winslet, Patrick Swayze, Jennifer Lopez, Will Smith, Bruce Willis, Kevin Bacon, Dennis Quaid, Scarlett Johannson, Justin, Alanis Morissette, Jessica Alba, Catherine Zeta-Jones, Nicole Kidman, Pierce Brosnan, Uma Thurman, Penélope Cruz, Jennifer Love-Hewitt, entre muuitos, muitos outros.

sábado, 8 de novembro de 2008

Juliette & the Licks


Juliette Lewis é uma das atrizes do Cinema atual que mais mostrou-se capaz de enfrentar papéis sombrios, dramáticos e intrigantes em filmes. Desde muito cedo emancipada, enfrentou inúmeras adversidades até conseguir uma certa notoriedade no mundo cinematográfico. Com Gilbert Grape - ao lado de Leonardo DiCaprio e Johnny Depp, provou seu talento e versatilidade (aliás, o filme em questão foi a catapulta na carreira desses três atores).
No chocante filme Assassinos Por Natureza, de Oliver Stone, por exemplo, impressionou ao interpretar a namorada assassina de um homem que também ama matar - a troco de nada. Namorou Brad Pitt por algum tempo, quando teve um contato mais próximo com ele durante as filmagens do também muito falado Kalifornia.
No entanto, a paixão de Juliette pela música vem de muito, muito cedo. E mais especificamente, pelo rock. Foi quando em 03, fundou Juliette & the Licks, sua banda até hoje. And the girl CAN rock!!!
Normalmente, as atrizes que apelam para a música tratam de fazer músicas calmas e sem muito potencial. No entanto, isso não acontece com Juliette - sua pretensão, desde o início, foi de fazer uma banda pesada, em que pudesse soltar sua voz. E parabéns para ela!
Recomendo para quem quiser escutar o vocal gritante de uma mulher rockeira, em músicas que às vezes soam extremamente sofridas (como a última de You're Speaking my Language, 'Long road out of here').
Juliette esteve no Tim Festival ano passado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Antony & the Johnsons


Uma vez, no antigo blog, fiz uma postagem à respeito dos meus dez álbuns favoritos. É óbvio que, se fizesse hoje, colocaria na lista os 6 do Rufus - um da Regina Spektor, um da Björk, um da Alanis e um do Antony.
Óbvio que é uma lista hipotética, seria injusto com vários outros cantores que aprecio.. mas é indubitável que, dentre a nova geração, há de se destacar bandas que fogem do óbvio e do convencional.
É engraçado como se forma uma pequena cadeia - conheci o Antony quando escutei o Volta, da Björk, em que faz dueto com ela em duas músicas. Quando baixei o cd do Antony, conheci o Rufus - e não à toa, todos esses artistas ocupam um espaço seleto e privilegiado na música sofisticada, séria e apreciada por fãs bem parecidos em gosto musical.
A voz de Antony é uma das coisas mais lindas que já escutei, e talvez por isso o aprecie tanto. É um misto de amor, sofrimento, joy-de-vivre e melaconlia suave.. o que às vezes, nos torna um pouco intolerantes ao escutá-lo (pelo menos a mim). É uma voz muito forte e marcante, o que acaba cansando às vezes. Mas como é único! Ele encarna uma figura sensível, sutil e andrógena, onde não importa o sexo e sim a simplicidade (é a imagem que acaba nos transimitindo).
Sua obra mais recente é Another World, em que 5 músicas já foram lançadas no formato EP mas já com a capa do álbum definitivo. A imagem traz o já toque tradicional.. de peculiaridade, que marca a banda. Nada parecido com as obras cheias de photoshop que encontramos por aí. Uma salva de palmas para quem consegue ser original, ainda.

domingo, 19 de outubro de 2008

Björk



Björk é uma cantora que praticamente nasceu no cenário musical. Seu primeiro álbum, com seu nome como título (raríssimo de ser encontrado) trazia então uma criança de 11 anos entoando canções já consagradas (como The Fool in the Hill, dos Beatles) em sua língua materna.

Raríssimos cantores (e cantoras, muito menos) tiveram uma carreira tão vasta na música quanto ela; passou por bandas de formação indefinida, como Kukl, e outras que ninguém mais escuta, como Tippi Tikkrras; a de sucesso mais representativo foi Sugarcubes, que chegou a ter uma certa repercursão. Creio que talvez tenha sido quem mais cantou em estilos divergentes - o que a torna única em tudo que faz.



Após duas décadas fazendo músicas que não eram divulgadas muito além da Islândia, Björk renasceu musicalmente logo após lançar Gling-Gló, cd de jazz em parceria com outra banda - com Debut, explodiu internacionalmente. Como o próprio nome sugere, e como ela mesma explica, é sua iniciação oficial como música - não tão experimental como provaria ser mais tarde, mas mesmo assim diferente do que se ouvia por aí.
Nesse álbum, vários de seus maiores sucessos estão presentes - e nota-se um pouco da euforia dos anos 80 como influência, mas de forma bem sutil. O cd, de um então longínquo ano de 93, animou ouvintes que procuravam outras coisas que não a ascensão assutadora das boy bands americanas. No entanto, Björk deixou claro em entrevistas que não era para as pessoas ficarem muito excitadas com ele - afinal, poderia fazer muito melhor.

Com Post, Björk deu continuidade ao que havia feito no seu 'primeiro' álbum. Não à toa, temos o par 'Debut-Post' - o primeiro e o segundo. Nessa obra, ela parece estar mais eclética do que antes, provando ser extremamente bem-estruturado colocar numa mesma edição músicas pesadas, melancólicas e ainda abrasileiradas, como Isobel (influência de Elis).

Björk passa a ser Björk como a conhecemos de verdade - ou seja, esquisita ao olhar de muitos e genial ao olhar de outros - a partir de 97, com o lançamento de Homogenic.
É importante ressaltar que a partir daí, as músicas passam a ser mais intimistas e profundas do que nunca; todas as canções têm um significado muito particular, situações específicas e sentimentos inéditos que a levaram a compôr músicas às vezes difíceis de se escutar.
No Homogenic há a questão da volta à casa; não fisicamente, mas internamente. Muitos elementos de sua terra natal são abordados. É talvez seu álbum mais obscuro - o que nunca passaria pela cabeça de quem o escuta até ler a respeito das histórias por trás de sua produção, nem se não prestamos uma enorme atenção à musicalidade.
Björk diz:
"Homogenic is a woman who was put in an impossible situation with a lot and lot of restrictions, so she had to become a warrior, but she fought back not with weapons but with love".
Ou ainda:
"Emotionally, this album is about hitting rock bottom and earning your way up. So it's the darkest album I've done emotionally, but it's got a lot of hope".

Ah! Alguns anos mais tarde, Björk viria a atingir seu ponto mais alto, sua genialidade encarnada, sua senbilidade exposta e intimidade dilacerada. Vespertine é para a maior parte dos fãs o melhor álbum, e não à toa. O tema em torno dele vai de oposição ao que Homogenic representou. Dessa vez, todas as canções giram em torno de uma celestialidade nunca antes vista ou escutada em suas músicas. São canções calmas, ternas e ao mesmo tempo dolorosas sensivelmente. A respeito dessas impressões, ela fala que Vespertine is like... those days when it's snowing outside, and you're inside with a cup of cocoa and everything's very magical. You're euphoric, but you don't speak for days 'cause you don't want to".


Nesse contexto de calmaria interna e externa, Björk lançou em 01 essa obra-prima musical, aplaudida por todos. É dessa época o famoso vestido de cisne - que para os leigos, é um dos símbolos do álbum, a pureza angelical.

Em 2004 Björk lançou Medúlla, seu álbum mais polêmico e menos apreciado. Particularmente, é meu favorito - e mais uma vez foi contra tudo o que ela havia feito antes, e depois. Enquanto em Homogenic e Vespertine prezava-se a harmonia musical, em Medúlla isso é negado de forma radical. Quase todas as músicas são compostas apenas de vozes - sem instrumentos. Eles são presentes apenas em duas músicas - Ancestors e Desired Constellation. É, portanto, a obra mais experimental, em que são testados os limites máximos que a voz permite. Como deu para perceber, todos seus following albuns são respostas aos anteriores, e nesse não é diferente. Em turnê, Björk ia com uma orquestra gigantesca na época do Vespertine; em Medúlla, poquíssimas pessoas iam, além dela, ao palco.



Volta, ano passado, traz mais uma vez elementos inéditos. Dessa vez, os sons são apreciados de forma única novamente, com batidas e arranjos orgânicos. Em parcerias curiosas, Björk conta com a participação (não vocal, apenas em produção) de Timbaland, e com o acompanhamento em dueto de Antony Hegarty, tão sensível e intrigante quanto ela.
Temas globais são tratados nele - musicalidade indiana, chinesa, ocidental e oriental são abordadas, permitindo uma maior integração sonora. Humildemente acho que dessa vez, Björk se preocupou menos com problemas pessoais - e dessa vez, tem cantado as dores e problemas do mundo. Earth Intruders, a primeira faixa do álbum e o maior sucesso comercial, foi inspirada após suas viagens aos países assolados pela Tsunami. Declare Independence foi cantada em situações de extrema delicadeza diplomática e política - no Tibet, por exemplo. Ao berrar essa frase no show, Björk foi proibida de entrar em solo chinês por propagar as rebeliões. Nattura, seu próximo single - a ser vendido no iTunes amanhã, por sinal - tem fundos arrecadativos como função.

Por toda sua genialidade, originalidade e ousadia, Björk é uma de minhas cantoras favoritas; e alcança lugares dentro de mim que pensei fossem inatingíveis. Suas viagens musicais - interiores e exteriores - dentro e fora dela - me atingem de uma forma que apenas ela consegue.




Post dedicated to Arthur.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

The astonishing Rufus Wainwright



Rufus Wainwright foi um cantor que me atraiu desde quando escutei sua participação no cd I Am a Bird Now, do Antony & the Johnsons. Não tanto pela sua voz, que achei estranhamente irritante, mas pelo fato da emoção que sua voz continha (não podia ser o contrário, fazendo parceria com o Antony).


Na ânsia de encontrar um cantor novo, que fosse bom e me inspirasse e me fizesse parar de escutar os mesmos artistas de sempre, resolvi baixar algo seu, uns meses depois. Sua música Dinner at Eight me fascinou como quase nenhuma outra antes havia fascinado.


Rufus é um cantor de pedigree artístico, uma vez que seu pai, sua mãe, sua tia e sua irmã são cantores profissionais. Aproveitando-se um pouco desse sobrenome respeitado, portanto, lançou em 1998 seu self-name debuted album, que atiçou a curiosidade de críticos e público.


Seu primeiro disco é algo fascinante. A primeira faixa, Foolish Love, começa à capella, com sua voz potente ressoando por dois minutos. Numa virada discreta, depois acelerada, Rufus sente-se à vontade numa canção claramente inspirada por musicais à la Gene Kelly da década de 50. Esse disco começa maravilhoso, e parte por músicas muito ecléticas e diferentes, o que torna difícil traçar um ritmo definido, assim como um tema concreto.




Sem querer entrar em detalhes sobre toda sua obra (porque eu poderia fazer isso, já que suas obras são surpreendentes, inovadoras e fantásticas), algumas coisas mais podem ser ditas. Rufus é conhecido por mesclar em suas músicas composições clássicas, com o uso de orquestra e muito piano (ele é pianista). E também por fazer músicas com um toque brodwayano, cabarístico e.. colorido. Rufus é gay, e afetadíssimo, e recorre desse seu marco para escrever letras ironizado a si mesmo, homens héteros (como na música de abertura do álbum Want One, 'oh what a world', em que diz men reading fashion magazine/oh what a world it seems we're living/straight men.."), e tudo num arranjo clássico e chique. Eis a ironia e marco do cantor.

Além disso, seus alcances de voz são altíssimos, o que lhe permite uma versatilidade e ponto positivo muito bons>


No entanto, seus álbuns não são fáceis. Confesso que depois que baixei a excelente Dinner at Eight e resolvi baixar o álbum inteiro, me desanimei. Achei chatérrimo. Só passei a gostar de verdade depois de uns dois meses. Então, sabe aquela comparação clichê de que é que nem um bom vinho? Fica melhor assim que o tempo vai passando? É assim com Rufus Wainwright.




Pra quem procura uma música mais requintada, diferente e eclética, misturando desde o samba até instrumentos húngaros numa música em latim, é altamente recomendado. Garanto que não vão se decepcionar.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Créééu.

Já pararam para pensar no que faz a Dança do Créu ser um fenômeno musical e nacional?

-Psicanálise, me ajuda!
-Freud, por favor!

domingo, 17 de agosto de 2008

O poder do som.

Há um certo tempo, eu lamentava um pouco o fato de as músicas estarem seguindo um rumo pouco focado no melódico, quer dizer, músicas curtase muito objetivas sem a valorização da parte instrumental.
Como bem sabemos, tudo no mundo segue o contrário do que aconteceu anteriormente. Na Literatura é assim, no Cinema também e na Música idem.

Antes de 1900, o que o mundo produzia em matéria de música era muito aprofundado, extenso e particular. As óperas e concertos são a maior prova disso; AS Bodas de Figaro, de Mozart por exemplo, dura 4 horas, quase 5. Uma duração muito maior do que qualquer discografia de artistas que vemos por aí, que cantaram a vida inteira.

Óbvio que entram muitos fatores nessa comparação que justificam essa diferença, inclusive a pópria genialiadde dos compositores dos séculos XVII e XVIII. Mas como eu dizia, no princípio do século passado, as músicas começaram a se tornar mais rápidas e objetivas, refletindo o grande avanço da humanidade na época. Desde o finalzinho do século XIX, essa mudança já começava: Offenbach já criava operetas, que eram alegres e curtas.
Os primórdios do rock, com Elvis e contemporâneos, contavam com músicas de no máximo 3 minutos, dançantes e felizes. Até os Beatles criaram músicas com média de 2 minutos de duração, sendo I Want You a música mais longa - com oito minutos.
Já no final da década de 60, e início da de 70, os roqueiros passaram a supervalorizar a tão supervalorizada guitarra, criando solos magnificos desse instrumento em suas composições, e além disso, o teclado ganhou uma importância nunca antes vista, dando inclusive, a base para um dos gêneros mais interessantes do rock, o rock progressivo. E muitas vezes, um álbum inteiro era composto de apenas uma música, no máximo três. Solos de 20 minutos eram comuns - mostrando a euforia do auge do rock, com os verdadeiros rockeiros mostrando seu talento em grandiosas músicas.

Aí veio a década de 80 e 90 com novas músicas curtas e dançantes. No entanto, voltando ao que eu reclamava no início, que era o fato de não haver mais a ênfase para o instrumental, essa característica parece ao pouco estar mudando. Observando álbuns recentes, como Viva la Vida, Flavors of Entanglement, Futuresex/Lovesounds (excelente segundo álbum solo de Justin Timberlake) e outros, notamos durações longas que invariavelmente remetem à uma maior valorização para o sonoro, e não apenas o lírico.

Como tudo segue um ciclo, talvez em breve as músicas voltem a ter mais momentos dedicados não só à voz, mas também ao belo som dos instrumentos, toda sua poesia e beleza.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Maré - Adriana Calcanhotto


Uma semana dessas, peguei emprestado com um amigo o cd mais recente da Adriana Calcanhotto, o Maré. Maré faz parte da trilogia sobre o mar, e é a segunda obra, sendo a primeira lançada já faz alguns anos, com o título de Maresia (se não me engano).

Esse cd é surpreendentemente gostoso. Confesso que ela é minha cantora nacional favorita - sua vez doce e suave sempre me emocionou e encantou. Com o lançamento de Adriana Partimpim, então, foi a confirmação de que ela é fantástica. O curioso é que vários de meus amigos não gostam dela, o que me parece estranho; é tão difícil não gostar!

Mas esse álbum parece bem comum quando escutamos das primeiras vezes. E pior, parece que é uma música só, não muda, sempre o mesmo ritmo. Mas depois vamos descobrindo as preciosidades, como a brasileiríssima Porto Alegre (com os versos "de Calipso" que grudam na cabeça e te dão vontade de dançar)ou as com um tom mais bossa-nova, como a faixa título do álbum.

Para quem gosta, é mais uma obra maravilhosa da cantora. Para quem não gosta, recomendo, quem sabe esse não convença de que ela é ótima artista!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Rockferry


Duffy é a nova revelação do cenário musical - aquele cenário composto de cantoras com voz potente, ritmo quente-quase-fervendo, letras legais e beeem dançantes.


Ela é considerada uma das melhores cantoras da atualidade, e uma espécie de Amy Winehouse às avessas - ou seja, trinta vezes mais bonita, com melhor voz, mais simpática, mais madura e principalmente, mais sóbria. Tem tudo pra explodir com tudo.


Seu álbum (cujo título é o nome da postagem) foi lançado em março desse ano no mundo e em maio nos EUA (reparem que virou moda deixar o Império de fora, uma espécie de corno, que é o último a receber os lançamentos) e já vendeu mais de 2 milhões de cópias, o que já a torna um fenômeno. Pra se ter uma idéia, 34 000 discos já definem um álbum de ouro aqui no Brasil.


Baixem, fiquem por dentro, que ela é a nova artista a (merecidamente) deslanchar sua carreira.


Ótima! Nota 10.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Flavors of Entanglement


Flavors of Entaglement foi lançado no dia 1º de junho na Alemanha e no Japão, e em outras datas no resto do mundo. Esse é mais um álbum de Alanis Morissette, que dessa vez, dividiu a opinião de críticos (quase sempre eles, os fãs em sua grande maioria aprovaram o trabalho).


Alguns consideraram o trabalho fraco, outros mais maduro, outros fútil.


Na minha opinião, esse talvez tenha sido o trabalho que mais gostei até agora, mas isso não quer dizer que seja o melhor. Sem dúvida a sua obra-prima foi o Supposed, lançado há exatos 10 anos. E também outro que gerou uma certa polêmica.


Óbvio que por circunstâncias diferentes. Mas, coincidência ou não, a própria cantora afirmou que os dois álbuns se assemelham, em mensagem, conteúdo e sonoridade.


Mas enfim, às análises do cd logo: ele é beem diferente do que a Alanis já fez. Citizen of the Planet abre o álbum em grande estilo; pela sua gravidade e arranjos indianos, ela se assemelha a So-Called Chaos, que segue o mesmo estilo. Underneath lembra o So-Called no geral, principalmente em faixas como Out is Through ou Doth I Protest Too Much. Straitjacket é uma das mais comentadas do álbum, já que teoricamente, segue a mesma linha de raiva que fez Alanis ser lançada ao estrelato com You Oughta Know. Versions of Violence, para mim, é uma das melhores do cd, violenta e crítica. A partir daí, o álbum começa a ficar mais calmo, começando com Not as We, que foi a primeira música publicada (tocada na série House). Apenas com piano, Alanis está em perfeita sintonia numa canção triste, mas não melosa, bonita, mas não depressiva ao extremo. In Praise of the Vulnerable Man é a balada do cd, cuja letra lembra Everything. Moratorium é a música que mais lembra a Alanis dos velhos tempos, com letras a respeito de aprendizado e relacionamentos. Torch talvez seja a mais intimista, já que claramente expõe os sentimentos da cantora quanto ao divórcio de Ryan Reynolds, que abalou-a de várias formas, inclusive artisticamente. Giggling Again for No Reason é a mais otimista, num ritmo calmo e nostálgico. Tapes é triste, bem triste. E linda. Incomplete é bem diferente do que Alanis sempre fez.


É importante ressaltar que o cd Deluxe Edition, que conta com 5 faixas bônus, é essencial para uma experiência completa do álbum, que literalmente parece incompleto sem elas (como ironicamente, a última música do cd simples sugere).

Orchid, a primeira música bônus, é bonita e uma das mais inspiradas. The Guy Who Leaves é menos intimista, mas igualmente boa. Mas a melhor música do álbum, na minha opinião, fica a cargo de Madness, a mais triste, mas a mais Alanis de todas. Limbo no More conta com versos peculiares, e o desfecho é com chave de ouro com On the Tequila, uma música engraçada (a primeira dela, de toda a carreira) e cuja rapidez lembra Narcissus.


Logo, analizando todo o conteúdo, percebemos que o álbum começa rápido, violento e pesado nas primeiras 4 faixas, mas dá lugar a músicas calmas e tristes até a 16ª música. Talvez isso tenha causado estranheza; do pop de So-Called, Alanis partiu para letras que retratam ainda mais suas experiências pessoais e idealizadas. O que pode ser confundida com egoísmo - afinal, cantar sobre si mesmo pode soar extremamente pretensioso - é exatamente o contrário, é uma partilha, um ato altruísta, dignamente artístico.







O interessante é notar a evolução; em Under Rug Swept, ela canta sobre as características que queria em um parceiro. No álbum seguinte, ela dedica a música a já seu atual marido, fala sobre o que é e pode acabar sendo para ele. E no próximo, canta as dores e lições aprendidas de um divórcio.


Alanis diz que nunca esteve tão feliz quanto agora, e pelo que acompanhamos, parece verdade. Com alguns quilinhos a mais, ela diz estar namorando, contente consigo mesma, e como sempre, engajada em causas ambientais. Este último é reflexo em suas músicas em clipes, como em Underneath, onde o carro que ela dirige é ecologicamente correto.



É uma pena que muitos fãs não tenham aceitado que a adolescente estressada que cantava suas revoltas em uma longínqua década de 90 tenha virado uma mulher adulta, compromissada, séria e calma. Com o Supposed, Alanis perdeu milhões de fãs, que estranharam um álbum eclético e íntimo. E é assim que Flavors of Entanglement assemelha-se a ele; eclético, diferente, pessoal. Como sempre, uma leva de ouvintes chora o fato de ela nunca mais ter sido como fora em Jagged Little Pill, mas as pessoas mudam.


A seguir, alguns trechos interessantes numa entrevista para o New York Times.


"Assim, 'Flavors of Entanglement' meio que fala dos desafios e do júbilo de ser um ser humano e de tudo o que há entre ambos os estados. É, em um nível, uma espécie de crônica de como as coisas desandam e de atingir finalmente o fundo do poço, e do tipo de doses de esperança e renascimento de fênix que sempre estão presentes em tudo o que crio."


"Eu trabalhei com pessoas no Canadá que realmente tentaram me convencer a não compor canções que não rimassem ou canções que fossem pessoais demais. Era um pouco assustador para elas. Felizmente, eu perseverei até encontrar um ambiente que me desse mais apoio, como artista, a correr estes riscos."


"Há uma canção chamada 'Straitjacket' (camisa-de-força) na qual eu meio que saio para o ataque", ela diz rindo, "mas vejo as canções que expressam a raiva do tipo 'You Oughta Know'/'Straitjacket' como um rito de passagem na jornada para a cura. Não é um lugar onde eu queira permanecer, é mais uma experiência passageira na minha jornada para a liberdade. Não é um local onde eu queira ficar, no desabafo, na raiva. Eu considero tóxico permanecer ali. Mas passar por ele, eu acho, é obrigatório."


Para quem quiser mais detalhes, táqui o link:



Escutem e notem como a espera valeu à pena.


sábado, 26 de julho de 2008

Viva la Vida!







Para essa primeira postagem, gostaria de falar sobre um álbum lançado recentemente, chamado Viva la Vida or Death And All His Friends, da banda Coldplay.

Parece-nos que a globalização atingiu até o mundo artístico, digamos como uma brincadeira.

Observa-se já pela capa, que realmente chama atenção; o famoso quadro da Revolução Francesa ("A Liberdade Guiando o Povo, de Delacroix), com um título que mescla a língua hispânica com a inglesa.
Os títulos das faixas fazem referência à Inglaterra e ao Japão, e nota-se, na música Yes, arranjos orientais, rementendo à Índia.

O grupo, que diga-se de passagem, é o mais famoso do mundo, notabilizou-se no cenário musical ao fazer músicas melódicas, depressivas (como o nome do grupo mesmo sugere), leves e ao inconfundível piano de Chris Martin. É um som fácil de gostar, mas ao mesmo tempo não tão tola, e afinal, todo mundo gosta de Coldplay.

Dessa vez, porém, a banda parece flertar com um som mais sofisticado e elaborado. O álbum, que dividiu legal a crítica especializada, conta com arranjos clássicos, com direito a violinos e orquestra. Além disso, parece que a idéia é transmitir uma visão do mundo, unindo as culturas, falando sobre a evolução e a revolução, mencionando reis depostos e cruzadas difíceis.
A idéia de misturar coisas tão diferentes deu certo, muito certo. Não ficou vulgar, pretensioso ou algo do tipo, sincero, aliás.

E as músicas não são melancólicas, exceto talvez a primeira e a terceira (Life in Technicolor e Lovers in Japan, respectivamente), o que revela uma nova tendência para a banda.

À primeira audição, o álbum parece fútil. Aliás, raros são aqueles que geram uma opinião definitiva na primeira vez que escutamos, não é mesmo?



Por isso, recomendo.






Altamente cotado ;)